Ricardo Reis


Ricardo Reis (1887- …)
(Poeta da Razão; o Clássico)


Aspectos biográficos


Nasceu no Porto, em 19 de Setembro de 1887.
Educado num colégio jesuíta (latinista por educação alheia e semi-helenista por educação própria), formou-se em Medicina.
Por ser monárquico, partiu para o Brasil em 1919.
Era moreno, mais baixo e mais forte que Caeiro.
Elementos retirados da carta a Adolfo Casais Monteiro, 1935

O que diz. Como o diz.


· Discípulo de Caeiro, como o Mestre aconselha a aceitação calma da ordem das coisas e faz o elogio da vida campestre, indiferente ao social.
· Faz dos Gregos o modelo da sabedoria (aceitação do Destino de uma forma digna e altiva).
· Tem consciência da dor provocada pela natureza precária do homem. Medo da velhice e da morte. Crença no Fado (destino). Efemeridade da vida e do tempo.
· Faz o elogio do epicurismo (tendência para a felicidade pela harmonização de todas as faculdades através da disciplina). Os epicuristas procuram o repouso, a ataraxia (ausência de perturbação) e da aponia (ausência de dor) e gozam em profundidade o dia presente (Carpe Diem).
· Faz o elogio do estoicismo (subordinação das qualidades inferiores do espírito às superiores e humanas, através da disciplina). Os estoicistas renunciam aos prazeres, não se apegam demasiado ao momento presente, procurando o sossego, pela renúncia, a indiferença, aceitando voluntariamente um destino involuntário.
· A sabedoria consiste em gozar o presente (Carpe Diem) através de um exercício da razão.
· É austero (no sentido clássico do termo), contido, disciplinado, inteligente. Neoclassicista formal e ideológico. Moralista. Epicurista e estóico. É o poeta da razão e da intelectualização das emoções. Subordinação do sentimento à razão. Repúdio da confusão entre ideias e emoções.
· Paganismo (atitude assumida perante o mundo e que consiste em aceitar qualquer religião e a existência de deuses em tudo e em todas as coisas).

Arte Poética de Ricardo Reis


· Subordinação do sentimento à razão. Repúdio da confusão entre ideias e emoções.
· Dramatização do pensamento que condensa na “Ode” (composição poética, para ser cantada, dividida em estrofes simétricas).
· Estilo neo-clássico, de acordo com o assumido pragmatismo (doutrina que toma por critério da verdade o valor prático e se opõe ao intelectualismo).
· Monólogos estáticos, frequente utilização do hipérbato e de latinismos.
· Objectividade e rigor formal.
· Irregularidade métrica.
· Importância dada ao ritmo como unidade de sentido.
· Gosto pelo uso do gerúndio.
· Uso frequente do imperativo (em consonância com a feição moralista das suas odes).
· Estilo laboriosamente construído, pensado.

Sem comentários: