Poema - Ocidente - Mensagem
1.1. O sujeito da forma verbal “Desvendámos” é um sujeito plural que exprime o conjunto do povo português, agente das Descobertas marítimas a ocidente.
1.2. O sujeito poético afirma que a obra dos Descobrimentos portugueses foi uma aventura conjunta do homem – “o Acto” – e de Deus – “o Destino”. Assim, foi necessário que a mão de Deus erguesse “o facho trémulo e divino”, para que o homem fosse iluminado e pudesse afastar “o véu” que ocultava o desconhecido. Este acto de descoberta foi protagonizado pelo corpo e alma do homem português – “alma a Ciência e corpo a Ousadia” – ou seja, fruto da ciência e da coragem, respectivamente.
2.1. O imperfeito do conjuntivo “Fosse”, semanticamente hipotético, exprime a série de hipóteses inerentes às Descobertas: o Acaso? a Vontade? um Temporal? Mas fosse como fosse, “Desvendámos” com a ajuda divina, sendo Deus a alma e Portugal o corpo.
2.2. O recurso às maiúsculas confere autonomia, valor e legitimidade a cada uma das hipóteses levantadas: o “Acaso” é a providência divina, a “Vontade” é a intenção do homem e o “Temporal” representa os caprichos da Natureza.
3. O poema “Ocidente” integra-se na segunda parte da Mensagem, intitulada “Mar Português”,
que, na estrutura triádica da obra, representa os heróis e os feitos das Descobertas, revelando a dimensão mítica e heróica da conquista do mar – “Possessio Maris” é a expressão latina em epígrafe. Torna-se, assim, lógico que as referências contidas no poema “Ocidente” só possam ser entendidas na lógica da posse do mar, das Descobertas.
que, na estrutura triádica da obra, representa os heróis e os feitos das Descobertas, revelando a dimensão mítica e heróica da conquista do mar – “Possessio Maris” é a expressão latina em epígrafe. Torna-se, assim, lógico que as referências contidas no poema “Ocidente” só possam ser entendidas na lógica da posse do mar, das Descobertas.
Excerto de "Felizmente Há Luar!"
1. O excerto apresentado faz parte do Acto II, o acto do antipoder, representado por Matilde, que, neste excerto, denuncia a arbitrariedade do poder e todo o conluio perpetrado para levar à condenação ilegítima de Gomes Freire. O padre e Beresford são as figuras do poder hipócrita e discricionário.
2. O discurso do padre assenta em estereótipos de um falso e demagógico cristianismo que lhe serve de justificação para actos ilícitos. As certezas inabaláveis do poder levam o padre a afirmar “com indubitável certeza” que houve um “louco e detestável projecto de estabelecer um governo revolucionário” (atente-se na dupla adjectivação de conotação negativa). As ideias maquiavélicas, segundo as quais os meios justificam os fins – “(...) todo o bem nos vem de Deus, sejam quais forem os meios de que para isso se sirva” –, adulteram a essência do espírito cristão, não sendo consonantes com uma figura da Igreja.
3. Matilde reage de forma indignada, perplexa e exaltada: ela não consegue conceber uma condenação sem julgamento e, muito menos, a existência de um Deus feito à semelhança “daqueles” homens que desvirtuam a Sua verdadeira imagem. Para Matilde, o verdadeiro Deus é outro, é Aquele a quem ela suplica a vida do seu homem, oferecendo a sua em troca, e pedindo-lhe uma morte digna.
4. Pelo exposto na resposta anterior, o discurso de Matilde encerra grande emotividade. A exclamação inicial, juntamente com a série de perguntas retóricas, exprime a indignação e a dor de Matilde, no seu discurso vincadamente apelativo.
5. Beresford revela-se em toda a peça um homem cínico e calculista. Neste excerto, essas facetas estão bem presentes quando a personagem se refere às vantagens que pode obter com a morte de um homem. Este calculismo frio e maquiavélico leva-o a encerrar o seu discurso com a tirada “Não há mais nada a considerar, minha senhora”.
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