Poema - Álvaro de Campos

Que noite serena!
Que lindo luar!
Que linda barquinha
Bailando no mar!
Suave, todo o passado — o que foi aqui de Lisboa — me surge...
O terceiro andar das tias, o sossego de outrora,
Sossego de várias espécies,
A infância sem futuro pensado,
O ruído aparentemente contínuo da máquina de costura delas,
E tudo bom e a horas,
De um bem e de um a horas próprio, hoje morto.
Meu Deus, que fiz eu da vida?
Que noite serena, etc.
Quem é que cantava isso?
Isso estava lá.
Lembro-me mas esqueço.
E dói, dói, dói...
Por amor de Deus, parem com isso dentro da minha cabeça.
Poesias de Álvaro de Campos

1. Neste poema, o sujeito poético evoca o passado. Refira os traços caracterizadores desse passado, justificando a sua resposta com exemplos do texto.

2. Os quatro primeiros versos são a citação de uma cantiga, retomada, parcialmente, no verso 13.
Explique a sua função neste poema.

3. Explicite o sentido das expressões: “aqui”(v.5) e “lá”(v.15).
4. Comente o efeito expressivo da repetição: “E dói, dói, dói…”(v.17).
5. Analise os sentimentos do sujeito poético, relativamente ao presente.

7 comentários:

ana disse...

ola boa noite como tenho acesso as resposta desses poemas?

Anónimo disse...

precisava das respostas deste poema!

ninfa do tejo disse...

oh meu deus isto foi o meu teste de portugues. se eu soubesse...

Anónimo disse...

I

1. O passado é evocado neste poema e caracteriza-se como calmo, suave, sossegado, bom, como vemos nos versos: “Suave todo o passado”, “O sossego de outrora/Sossego de várias espécies” e “E tudo bom e horas/De um bem…”. O poeta refere ainda que estes tempos eram bons, pois não se preocupava com o futuro: “A infância sem futuro pensado”.

2. Os quatro primeiros versos referem-se à infância do poeta, às suas recordações, o que lhe desperta uma certa nostalgia, como vemos nos versos seguintes. Mas no verso 13, esta canção já não desperta o mesmo sentimento de felicidade ao poeta, pelo contrário, apercebe-se da vida perdida, a sua vida de infância, como diz no verso anterior: “Meu deus, que fiz eu da vida?” e nos versos 16 e 17: “Lembro-me mas esqueço./E dói, dói, dói…”

3. A expressão “aqui” é utilizada para representar o presente, a dor e o sofrimento, e a impossibilidade de voltar atrás no tempo. Enquanto que o “lá” é utilizado para representar o passado, a infância, os seus tempos de felicidade, onde tudo era bom.

4. A repetição de “dói” sublinha o sofrimento do poeta ao recordar a sua infância feliz e a impossibilidade de voltar a vivê-la.

5. O poeta, relativamente ao presente, sente uma grande dor, e sofrimento. Ainda mais quando relembra o passado, a sua infância. No final do poema apercebemo-nos do sofrimento que o presente e o passado provocam ao poeta. E dor do presente, com o sofrimento de não poder recuar no tempo, provocam um grande desespero ao sujeito poético.

Anónimo disse...

Bastante é útil muito obrigada

Anónimo disse...

Cu

Voos disse...

Muito bonita e correcta a sua interpretação desta Noite Serena, hoje chegada até nós pela voz de Salvador Sobral e dos Nutrama. Não sabia que era de Pessoa. O meu muito obrigada, canto o refrão a um bebé como canção da embalar.